We have limited Portuguese content available. View Portuguese content.

Article

COP 30 e agricultura sustentável: caminhos para um futuro resiliente

COP 30 e agricultura sustentável: caminhos para um futuro resiliente

Mesmo sem uma transição completa para técnicas regenerativas, pequenas mudanças podem trazer avanços significativos na biodiversidade dentro das cadeias produtivas.

  • min read

Article

COP 30 e agricultura sustentável: caminhos para um futuro resiliente
pt-BR

Este artigo foi pubicado originalmente no site da Globo Rural

Brasil, maio de 2025 - A realização da COP 30 em Belém, na Amazônia brasileira, em novembro de 2025, acontece em um momento em que precisamos olhar para nosso planeta de forma urgente e responsável. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado globalmente, com temperatura média que já ultrapassou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, de acordo com a ONU.

O impacto das mudanças climáticas já afeta diretamente a biodiversidade e os sistemas agrícolas, tornando essencial a busca por soluções sustentáveis para a produção de alimentos.

Uma vez que os sistemas alimentares são responsáveis por cerca de 10% do PIB global e geram aproximadamente 35% dos empregos no mundo, sua transformação não é apenas uma necessidade ambiental, mas também econômica e social.

O setor responde por 25% a 30% das emissões globais de gases de efeito estufa e é um dos principais vetores tanto dos desafios climáticos quanto das soluções, de acordo com pesquisas da Bain & Company em parceria com o Fórum Econômico Mundial. Nesse contexto, a COP 30 oferece uma oportunidade única para que a agricultura ocupe o centro das discussões sobre mitigação climática, segurança alimentar e desenvolvimento integrado.

Levando em conta que o setor de alimentos e agronegócio impacta significativamente a biodiversidade e uso da água doce, a transição para a agricultura sustentável é um passo crucial para a preservação ambiental. Mesmo sem uma transição completa para técnicas regenerativas, pequenas mudanças podem trazer avanços significativos na biodiversidade dentro das cadeias produtivas.

De acordo com o estudo da Bain, a adoção dessas práticas agrícolas pode reduzir em até 50% as emissões de CO₂ e melhorar a biodiversidade, além de aumentar os lucros dos produtores em cerca de 30%. Assim, ao minimizar o uso de técnicas agrícolas convencionais, temos a chance de diminuir a degradação do solo, perda de espécies e desperdício de recursos naturais.

A implementação de métodos como plantio direto, pastejo rotacionado, rotação de culturas e cultivo de cobertura contribui para o sequestro de carbono e a ciclagem de nutrientes, criando um ambiente mais equilibrado e propício à diversidade de espécies.

Além disso, essas adaptações melhoram a fertilidade do solo, resultando em maior resiliência climática e produtividade. Desse modo, é possível fortalecer os ecossistemas e, ao mesmo tempo, aumentar a rentabilidade dos produtores, tornando a agricultura sustentável uma solução vantajosa tanto para o meio ambiente quanto para a economia.

No entanto, para maior disseminação desses modelos, é essencial uma ação coordenada entre governos, setor privado e sociedade civil. Políticas públicas devem incentivar práticas agrícolas sustentáveis, enquanto empresas e consumidores precisam se engajar na busca por produtos de menor impacto ambiental.

As empresas desempenham um papel essencial na construção de um futuro em que tecnologia, responsabilidade ambiental e desenvolvimento avancem de forma integrada. Ao alinhar inovação e sustentabilidade, elas podem gerar impactos positivos duradouros, promovendo crescimento econômico equilibrado e garantindo qualidade de vida para as próximas gerações.

Nosso país está bem posicionado para liderar essa transformação. A agricultura brasileira tem avançado em práticas regenerativas, como o uso de insumos biológicos, tecnologias de precisão e a integração lavoura-pecuária-floresta, que aumentam a produtividade e a fixação de carbono no solo. Entretanto, para que essa transição ocorra em larga escala, será necessário superar barreiras econômicas e financeiras.

Estima-se que sejam necessários investimentos da ordem de 300 a 350 bilhões de dólares por ano – um aumento de 10 a 15 vezes no volume atual. Isso deve exigir novos modelos de financiamento e seguro, combinando capital público e privado, além da valorização de serviços ecossistêmicos, como o sequestro de carbono, a preservação da biodiversidade e o uso eficiente da água.

O Brasil, como anfitrião da COP 30, tem a chance de liderar esse debate global sobre agricultura sustentável, apresentando soluções concretas para um modelo produtivo mais resiliente. Diante dos desafios climáticos, o evento pode impulsionar políticas que assegurem a segurança alimentar sem comprometer os recursos naturais.

Com a população mundial podendo ultrapassar 10 bilhões de pessoas até 2050, é fundamental encontrar formas de aumentar a produção de alimentos e garantir o amplo acesso a dietas mais equilibradas. A sustentabilidade é o caminho para o futuro da agricultura, e a COP 30 pode marcar o início dessa transformação.

*Daniela Carbinato é sócia da Bain e líder da prática de Sustentabilidade para Bens de Consumo na América Do Sul

Tags

Quer saber mais?

Ajudamos líderes do mundo todo a lidar com desafios e oportunidades cruciais para suas organizações. Juntos, criamos mudanças e resultados duradouros.